Hoje o jantar é Chanfana!

08 de julho de 2020


A chanfana é um petisco da nossa gastronomia e faz parte da nossa história. Um prato que se ama ou que se odeia. Um prato tipicamente português, de Vila Nova de Poiares e de Mirando do Corvo. Os principais ingredientes deste poderoso prato é a carne de cabra velha e o vinho tinto.

Como prova da sua origem, queremos dar-te a conhecer a receita e toda a sua história.

A chanfana terá sido inventada em tempos difíceis pelo povo português. Reza a lenda que este prato terá surgido devido à necessidade de conservar as grandes quantidades de carne e de aproveitarem o vinho que lhes era entregue pelos rendeiros, como forma de pagamento ao Mosteiro de Semide. A carne assada no vinho era guardada nas caves frescas, conseguindo conservar-se durante meses devido ao molho gorduroso solidificado que desenvolvia.

Segundo outra lenda, esta terá sido inventada durante a terceira invasão francesa. Alguns explicam que este segredo gastronómico foi inventado para evitar que os soldados roubassem as cabras da região. Existindo até mesmo uma terceira versão que defende que a receita surgiu devido à população ter envenenado as águas para matar os franceses. Como era preciso cozinhar a carne que habitualmente comiam, estando a água envenenada, utilizavam o vinho, surgindo desta forma a chanfana.

A receita que hoje te trazemos é da Avó Idalina natural de Vila Nova de Poiares. A Avó Idalina fez permanecer as marcas do passado dos típicos caçoilos de barro preto, passando a tradição de geração em geração. Hoje, a D. Graça Quaresma, nora de D. Idalina, transmitiu-nos os segredos da típica receita. Os homens eram os responsáveis pelo pesado trabalho de ir à lenha e preparar o forno, as mulheres eram as responsáveis por preparar os caçoilos. Mantêm-se as tradições, de como se confecionavam os alimentos antigamente. A qualidade dos produtos para os temperos têm de ser ricos. A importância de um bom vinho é o segredo desta iguaria. “Se o vinho for fraco, o prato fica sem gosto. O vinho tem de ser forte.” Explica a D. Graça.

Em dias de festa, a azáfama começa sempre cedo. Foram muitas as noites mal dormidas pela família Quaresma. Os caçoilos de barro eram colocados no forno ainda de madrugada, pois os temperos tinham de se ligar e a carne cozer, para que desta forma o almoço fosse servido. Como diz a D. Graça “em Vila Nova de Poiares, festa que é festa tem chanfana, uma tradição em dias de convívio em família”.

Nos dias seguintes, a chanfana fica ainda mais saborosa. O Sr. Vítor Quaresma, marido de D. Graça conta que na sua casa nunca faltou chanfana na mesa, explicando que quando chegava a casa tarde e a chanfana já estava fria, retirava a carne do caçoilo e fazia uma sandes. Conta o Sr. Vitor que era um sabor divinal.

Colocámos a receita para que te delicies, pois vale a pena provar. Aproveita para preparar a receita com tempo, pois a carne fica macia e suculenta. Este é um prato cheio de sabor e tradição.

Os preparativos iniciam-se no dia anterior para que a carne tome o gosto da marinada do tempero com o vinho tinto. O porquê de ser feito com carne de cabra velha? “Quanto mais velha melhor”, pois se for nova sai desfeita. Esta é uma carne que consegue levar longas horas de cozedura, conseguindo fazer com que todos os ingredientes se liguem. Dias de festa pedem refeições destas, que aconchegam o estômago e a alma.

 

RECEITA:

Ingredientes para a Chanfana:

- Carne de cabra velha (400gr por pessoa)

- Pimentão-doce “a gosto”

- 2 malaguetas

- Vinho tinto (suficiente para cobrir a carne)

- Meia cebola picada

- 1 pedaço de toucinho

- Sal qb

- 1 folha de louro

- Serpão “a gosto”

- 2 dentes de alho

- Um fio de azeite

 

Ingredientes para o acompanhamento:

- Batata Cozida com pele

- Feijão-verde Cozido

- Cenoura Cozida

 

Primeiro, corta a carne de cabra velha aos pedaços e retira todo o sebo.

Num caçoilo de barro preto, coloca dois dentes de alho inteiros com casca e uma folha de louro. Acrescenta a carne até o caçoilo ficar praticamente cheio. Por cima da carne coloca duas malaguetas inteiras, o sal, o serpão e o pimentão-doce. Coloca ainda meia cebola picada e tempera com um fio de azeite. Rega com um bom vinho tinto até cobrir toda a carne e envolve todos os ingredientes.

Por fim, tapa o caçoilo com um pano e deixa repousar por 24 horas (no mínimo).

No dia seguinte, antes de levar ao forno, verifica se a carne está coberta de vinho, pois esta costuma sugar o vinho do dia anterior. Acrescenta vinho caso seja necessário, pois a carne tem de estar coberta.

Tapa o caçoilo com folha de alumínio e leva ao forno pré-aquecido a 240º. O preparado fica a cozinhar durante 2 a 3 horas a 200º.

Podes acompanhar com batata, cenoura e feijão-verde.

Um prato rico, mas simples de preparar. O segredo está nos ingredientes, no repouso do tempero e no tempo de cozedura da carne. Experimenta, pois vais surpreender-te! Não percas a sensação de conhecer este prato genuinamente português.

 

Dúvidas? Temos um vídeo com a D. Graça a preparar este “Manjar dos Deuses”.

Para que não percas nenhuma pitada, vê mais aqui.

 

Pelas Tradições

A Equipa das Inspirações

 

Hoje o jantar é Chanfana!

08 de julho de 2020


A chanfana é um petisco da nossa gastronomia e faz parte da nossa história. Um prato que se ama ou que se odeia. Um prato tipicamente português, de Vila Nova de Poiares e de Mirando do Corvo. Os principais ingredientes deste poderoso prato é a carne de cabra velha e o vinho tinto.

Como prova da sua origem, queremos dar-te a conhecer a receita e toda a sua história.

A chanfana terá sido inventada em tempos difíceis pelo povo português. Reza a lenda que este prato terá surgido devido à necessidade de conservar as grandes quantidades de carne e de aproveitarem o vinho que lhes era entregue pelos rendeiros, como forma de pagamento ao Mosteiro de Semide. A carne assada no vinho era guardada nas caves frescas, conseguindo conservar-se durante meses devido ao molho gorduroso solidificado que desenvolvia.

Segundo outra lenda, esta terá sido inventada durante a terceira invasão francesa. Alguns explicam que este segredo gastronómico foi inventado para evitar que os soldados roubassem as cabras da região. Existindo até mesmo uma terceira versão que defende que a receita surgiu devido à população ter envenenado as águas para matar os franceses. Como era preciso cozinhar a carne que habitualmente comiam, estando a água envenenada, utilizavam o vinho, surgindo desta forma a chanfana.

A receita que hoje te trazemos é da Avó Idalina natural de Vila Nova de Poiares. A Avó Idalina fez permanecer as marcas do passado dos típicos caçoilos de barro preto, passando a tradição de geração em geração. Hoje, a D. Graça Quaresma, nora de D. Idalina, transmitiu-nos os segredos da típica receita. Os homens eram os responsáveis pelo pesado trabalho de ir à lenha e preparar o forno, as mulheres eram as responsáveis por preparar os caçoilos. Mantêm-se as tradições, de como se confecionavam os alimentos antigamente. A qualidade dos produtos para os temperos têm de ser ricos. A importância de um bom vinho é o segredo desta iguaria. “Se o vinho for fraco, o prato fica sem gosto. O vinho tem de ser forte.” Explica a D. Graça.

Em dias de festa, a azáfama começa sempre cedo. Foram muitas as noites mal dormidas pela família Quaresma. Os caçoilos de barro eram colocados no forno ainda de madrugada, pois os temperos tinham de se ligar e a carne cozer, para que desta forma o almoço fosse servido. Como diz a D. Graça “em Vila Nova de Poiares, festa que é festa tem chanfana, uma tradição em dias de convívio em família”.

Nos dias seguintes, a chanfana fica ainda mais saborosa. O Sr. Vítor Quaresma, marido de D. Graça conta que na sua casa nunca faltou chanfana na mesa, explicando que quando chegava a casa tarde e a chanfana já estava fria, retirava a carne do caçoilo e fazia uma sandes. Conta o Sr. Vitor que era um sabor divinal.

Colocámos a receita para que te delicies, pois vale a pena provar. Aproveita para preparar a receita com tempo, pois a carne fica macia e suculenta. Este é um prato cheio de sabor e tradição.

Os preparativos iniciam-se no dia anterior para que a carne tome o gosto da marinada do tempero com o vinho tinto. O porquê de ser feito com carne de cabra velha? “Quanto mais velha melhor”, pois se for nova sai desfeita. Esta é uma carne que consegue levar longas horas de cozedura, conseguindo fazer com que todos os ingredientes se liguem. Dias de festa pedem refeições destas, que aconchegam o estômago e a alma.

 

RECEITA:

Ingredientes para a Chanfana:

- Carne de cabra velha (400gr por pessoa)

- Pimentão-doce “a gosto”

- 2 malaguetas

- Vinho tinto (suficiente para cobrir a carne)

- Meia cebola picada

- 1 pedaço de toucinho

- Sal qb

- 1 folha de louro

- Serpão “a gosto”

- 2 dentes de alho

- Um fio de azeite

 

Ingredientes para o acompanhamento:

- Batata Cozida com pele

- Feijão-verde Cozido

- Cenoura Cozida

 

Primeiro, corta a carne de cabra velha aos pedaços e retira todo o sebo.

Num caçoilo de barro preto, coloca dois dentes de alho inteiros com casca e uma folha de louro. Acrescenta a carne até o caçoilo ficar praticamente cheio. Por cima da carne coloca duas malaguetas inteiras, o sal, o serpão e o pimentão-doce. Coloca ainda meia cebola picada e tempera com um fio de azeite. Rega com um bom vinho tinto até cobrir toda a carne e envolve todos os ingredientes.

Por fim, tapa o caçoilo com um pano e deixa repousar por 24 horas (no mínimo).

No dia seguinte, antes de levar ao forno, verifica se a carne está coberta de vinho, pois esta costuma sugar o vinho do dia anterior. Acrescenta vinho caso seja necessário, pois a carne tem de estar coberta.

Tapa o caçoilo com folha de alumínio e leva ao forno pré-aquecido a 240º. O preparado fica a cozinhar durante 2 a 3 horas a 200º.

Podes acompanhar com batata, cenoura e feijão-verde.

Um prato rico, mas simples de preparar. O segredo está nos ingredientes, no repouso do tempero e no tempo de cozedura da carne. Experimenta, pois vais surpreender-te! Não percas a sensação de conhecer este prato genuinamente português.

 

Dúvidas? Temos um vídeo com a D. Graça a preparar este “Manjar dos Deuses”.

Para que não percas nenhuma pitada, vê mais aqui.

 

Pelas Tradições

A Equipa das Inspirações